Neuroortopedia

A neuro ortopedia é uma área de atuação interdisciplinar que integra os conhecimentos da neurologia e da ortopedia, focando no diagnóstico e tratamento de condições neurológicas que afetam o sistema musculoesquelético de crianças e adolescentes. Nossa equipe especializada compreende as complexidades dessas condições desde a infância até a vida adulta, oferecendo cuidados abrangentes e personalizados.

A paralisia cerebral é uma condição neurológica causada por uma lesão não progressiva no cérebro em desenvolvimento, que pode ocorrer na gestação, durante ou após o nascimento. Esta condição cursa com distúrbios do movimento e da postura, e que pode estar associada com alterações sensoriais, de percepção, cognição, epilepsia e problemas músculo esqueléticos secundários. Existe uma grande variabilidade no grau de acometimento das crianças com paralisia cerebral, variando desde um indivíduo com uma leve dificuldade isolada em algum dos membros, até uma criança com problemas motores e cognitivos mais graves, sem controle do tronco e sem sustentação cervical. Os objetivos do tratamento para crianças com paralisia cerebral são centrados na otimização da função nas atividades diárias e na melhora geral da qualidade de vida.

A mielomeningocele é a forma mais grave de espinha bífida, causada pelo não fechamento adequado do tubo neural durante o desenvolvimento fetal. Esse defeito resulta na formação de uma bolsa nas costas do bebê, expondo a medula espinhal, raízes nervosas e meninges.

Durante a gestação, a mielomeningocele pode deixar a medula espinhal vulnerável ao líquido amniótico, o que aumenta o risco de lesão neurológica adicional. Dependendo do nível de acometimento da medula, pode acarretar sequelas impactantes, como redução ou ausência de movimentos nas pernas, fraqueza muscular, perda de sensibilidade, incontinência urinária e fecal, além de malformações nas pernas ou pés. Adicionalmente, a mielomeningocele frequentemente está associada à herniação de parte do encéfalo para dentro do canal medular, o que pode gerar entre outros problemas a hidrocefalia (o aumento do líquido dentro dos ventrículos cerebrais).

Na abordagem da mielomeningocele, nossa equipe de neuro ortopedia busca não apenas tratar as complicações físicas, mas também oferecer suporte abrangente para enfrentar os desafios emocionais e sociais associados. Estamos comprometidos em proporcionar cuidados personalizados para cada criança, buscando maximizar seu potencial e qualidade de vida.

A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma doença degenerativa rara, passada de pais para filhos, que interfere na produção de uma proteína crucial para a sobrevivência dos neurônios motores. Esses neurônios desempenham papéis vitais em gestos voluntários fundamentais, como respirar, engolir e movimentar-se. A AME varia de tipo 0 a tipo 4, dependendo do grau de comprometimento muscular e da idade do surgimento dos sintomas.

Infelizmente, ainda não há cura para a AME, mas já existem alguns tratamentos genéticos que vem sendo utilizados para controlar a progressão da doença, alterando a sua história natural. Estamos comprometidos em buscar avanços na compreensão e tratamento da AME, visando oferecer suporte a todos que enfrentam essa desafiadora jornada.

A doença de Charcot-Marie-Tooth é uma neuropatia hereditária que resulta na fraqueza e atrofia, principalmente nos músculos da parte inferior das pernas. Afetando os nervos responsáveis pelo controle do movimento muscular e pela transmissão de informações sensoriais ao cérebro, a condição inicia-se nas pernas e progride gradualmente pelos membros. O diagnóstico é confirmado por meio de eletroneuromiografia e estudos de condução nervosa, além de testes genéticos para identificar o subtipo em questão. Infelizmente, não há tratamento para interromper a progressão da doença, mas o uso de órteses, fisioterapia e terapia ocupacional pode auxiliar as pessoas a melhorarem sua função. A doença de Charcot-Marie-Tooth é a neuropatia hereditária mais comum, afetando aproximadamente 1 em cada 2.500 pessoas, podendo começar na infância ou em estágios posteriores da vida

O padrão de marcha em equino idiopático (MEI) é caracterizado pela persistência bilateral do caminhar na ponta dos pés após os três anos de idade, quando não existem outras doenças conhecidas. São crianças que não tem nenhuma alteração neurológica, mas que apresentam uma preferência para pisar na ponta dos pés, na posição que lembra a marcha dos equinos, e por isso o nome. É importante a avaliação com um ortopedista pediátrico para descartar outras patologias, que também podem cursar com este padrão, incluindo a própria paralisia cerebral e o transtorno do espectro autista. Portanto, dizemos que a MEI é um diagnóstico de exclusão. A causa da MEI é desconhecida, mas alguns estudos mostram que estas crianças podem ter alterações sensoriais, que podem ser um dos focos do tratamento, que geralmente depende da faixa etária e da presença de encurtamento dos músculos da panturrilha. As indicações podem variar desde fisioterapia, aplicação de gessos seriados e até o alongamento cirúrgico do tendão calcâneo. O objetivo neste caso, é fazer com que a criança consiga realizar o contato inicial do pé com o calcanhar ao caminhar, e mantenha a planta do pé no solo durante a maior parte da fase de apoio da marcha.
 

As órteses desempenham um papel crucial na neuro ortopedia, oferecendo suporte externo para otimizar a mobilidade e a independência. Nossa equipe trabalha em estreita colaboração para prescrever órteses adaptadas às necessidades específicas de cada paciente, garantindo conforto e eficácia no tratamento.

A análise de marcha é uma ferramenta essencial na neuro ortopedia, permitindo uma compreensão aprofundada dos padrões de movimento. Utilizando tecnologia de ponta, nosso Laboratório de Análise de Movimento emprega marcadores e sistemas avançados para rastrear movimentos tridimensionais, fornecendo informações precisas sobre forças e atividade muscular utilizadas durante a caminhada. Esta abordagem contribui para decisões de tratamento mais precisas e personalizadas, especialmente em pacientes com condições como paralisia cerebral.